sábado, 23 de fevereiro de 2008

Quem sabe? [#1]

Quem sabe?

Capítulo 1 - Começo.

E lá estava eu, com meus pés latejando após uma noite bem animada na festa de noivado da minha amiga Suzana com seu namorado Pedro.
Música, dança e muita cerveja.
Depois de muita farra, muita conversa, já chegava a hora de ir embora. Cansado, esperando meu táxi, sentei na escadaria do salão de festa.
Devo dizer que para uma festa de noivado, o salão era bem chique. O céu naquela noite, mostrava todas as suas lindas estrelas... Bom, ou eram estrelas, ou era a cerveja que já não estava me fazendo bem.
Já perdendo a paciência com a demora do táxi, me levantei para ir beber água, e chegando ao bebedouro vi o motivo pelo qual vou contar essa história.
Lá estava ela, encostada na parede com um lindo vestido branco, seu cabelos curtos e loiros me chamaram atenção, seus olhos castanhos fizeram o efeito da cerveja desaparecer.
Aquilo ali foi a minha cura naquele momento, foi uma benção que apareceu em minha vida.
Um pouco encabulado mas pensando que não poderia deixar aquela oportunidade passar, comecei logo uma conversa:
- Olá! Você é amiga da Suzana?
- Oi. Não, sou amiga do Pedro.
- Ata. Como se chama?
- Não seria um ato de cavalheirismo, você se apresentar primeiro?
Meio encabulado e coçando a cabeça sorri e disse:
- Mil perdões! Meu nome é Amarante, muito prazer. Bom já me apresentei, agora é a sua vez.
- Meu nome é Laura, o prazer é seu.
- Nossa, estou vendo que é bem segura de si em, minha cara Laura.
- Pois é meu caro Amarante!
Fiquei um pouco assustado de como aquela moça era convencida, cheguei até pensar no momento que ela era muito prepotente. Mas devo confessar que uma das coisas
que me chamou atenção nela foi aquele jeito prepotente.
Ai veio aquele momento de silêncio, algo que eu já previa. Todos sabemos que depois das apresentações vem o silêncio, e eu sabia que devia falar alguma coisa,mostrar atitude. Então
fui logo dizendo:
- E o que a senhorita estava fazendo sozinha encostada aqui em?
Na hora que perguntei isso pensei que ia levar um fora dela!
Do jeito que ela era, achei que ela ia dar uma resposta do tipo "Estou encostada, não vê?".
Mas a resposta que tanto me preocupava foi trocada por um simples:
- Estou esperando meu pai vir me buscar.
Achei estranho uma menina que teria por volta seus dezenove anos, estar esperando o pai dele ir buscá-la. E logo quando fui perguntar onde ela morava, ouvi o barulho de um
carro encostando. Era um Hyundai, último modelo ( devo confessar que só sabia disso, porque ouvi Pedro comentando sobre esse carro quando encontramos um na rua).
Era o pai de Laura. Pois é, foi uma infelicidade.
O pior de tudo que quando fui me despedir dela, ela simplesmente deu um 'tchauzinho' com a mão, sorriu, e saiu correndo para o carro.
Prometi a mim mesmo, que descobriria o telefone dela e sairia com ela.
Que começo mais intrigante!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal - Ho ho ho!

Enquanto o novo conto não vem, esperem o papai noel embaixo da árvore.
HOHOHO, feliz natal!

Gerentes do Bazar.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Lembrar,lembrar...[Final]





Continua chorando feito uma criança. Parece que mesmo depois de relembrarmos tudo isso você não aprendeu nada.
Está vendo a chuva lá fora?
A chuva é algo que te lembra várias coisas não é?
Embora todas elas sejam tristes...

Eu tinha esperanças que depois de lembrar tudo isso, você parasse de se lastimar, de se colocar como 'coitadinho'.
Caro amigo, deve se lembrar que não é só você que tem problemas.
Não é só você que tem dúvidas, que chora que já sofreu por amor, que já amou que ama.

Você é apenas mais um em uma multidão, o que faz você ser feliz ou não, é sua vontade, suas atitudes,
agora se continuar nesse seu quartinho, você continuará com sua vida triste e não queremos isso, não é?
Você ainda é jovem para ter tanta tristeza no coração, tantas desilusões...
Crie sonhos, crie expectativas, projetos de vida... E deixe esse seu lar alegre de novo.

Vamos se levante!
Isso, agora vamos até a varanda.
Eu sei que está chovendo, não precisa me falar.
Isso será bom para você.
Agora sinta cada gota, cada parte da chuva em você. Faça com que ela limpe sua alma, seu coração, sua mente.

Isso!
Grite a todos que está livre, que não quer mais viver na escuridão que é a sua alma.
Que quer sorrir novamente, quer sentar no bando do parque aos domingos de manhã e ver as pessoas se divertindo.
Isso...

Você conseguiu meu amigo, como estou orgulhoso. Bom meu trabalho aqui está se acabando.
Lembra-se que eu disse que se fosse para me fazer uma pergunta deveria fazer a pergunta certa?

Esta é a última chance. Vamos me faça uma pergunta.
Pense bem.

Calma!
Antes de perguntar tenha certeza que essa é a pergunta certa.
Está certo mesmo?
Nossa está bem confiante!

Vamos me pergunte.
Hum...
Quem sou eu?


Ai ai ai...
Essa é a pergunta certa.
Eu sou aquele que nasceu com você, sou aquele que cresceu com você, que brincou com você. Sou aquele que ti ajudou a andar pela primeira vez,
fui eu que corri com você para a sua cama quando viu seus pais brigando, fui eu que junto com você queria acreditar que eles só estavam brigando.

Sou aquele que fui com você no dia que conheceu 'cicrana', que olhei para ela junto com você e vi como ela era linda.
Vi que aquilo na minha frente não era apenas uma pessoa, era um amor.
Fui eu que corri com você no dia da formatura para a chuva, você não ouviu meus passos atrás de você porque estava gritando, acho estranho não lembrar de seus gritos.

Sou eu, aquele que trabalhou com você na lanchonete, que arrumou esse apartamento. Que encontrou 'cicrana' na lanchonete.
Fui eu que ti fiz amar, fui eu que ti fiz chorar, fui eu que ti fiz sofrer, fui eu que ti fiz gritar.


Eu fui...
Eu sou você.

Como assim não acreditar?
Agora que já está melhor, já deveria conseguir me enxergar melhor, ainda mais nessa chuva.
Isso abra mais os olhos, agora consegue ver?
Surpreso?

Sim, eu sou você, acredite ou não, e nós somos um só. Eu vivi tudo que você viveu. Sei tudo que você sabe.
Sei o motivo da 'cicrana' não ter ido a festa de formatura do colegial, que foi por causa de nós, ficou deprimida não querendo ir ao baile.
Achando que não a amávamos.

Mas só tem uma coisa que nos diferencia... eu sei como isso tudo vai acabar, e não é agora.
Agora tudo vai começar, e vai começar naquela porta.
Isso olhe bem para ela.

Olha só, tem alguém batendo na porta, vou abrir para você.
Nossa que surpresa, não é que é 'cicrana'!
Como está toda molhada e chorando!
Seja cavaleiro e ajude-a.

Isso não é hora de perguntá-la como ela chegou aqui, isso não importa agora.
Ouça o que ela tem a dizer, a única coisa que sei é que se começa com:

“- Eu te amo e sempre te amei..."

Bom vou deixá-los agora, mas daqui um tempo eu volto não se preocupe, acho que vocês tem muito o que conversar.
Até mais.










Isso mesmo meu caro leitor, que deve ter passado esses dias angustiados, esperando pelo final dessa história ( não ela não acabou ainda ), até agora bati um papo comigo mesmo,
agora vou conversar é com você.
Você como eu, já deve ter passado por tudo isso, ou por algumas situações que eu já passei, mas não se desanime caro amigo(a), sua vida não deve ser pior
do que a de muitas pessoas.
Agora voltando a história, sim eu os deixei sozinhos, precisavam conversar, entender as atitudes de cada um, mas já se passou um tempo desde aquele dia.

E sim.

Hoje é o dia de voltar.






Olá caro amigo, surpreso por me ver?
Pois é, agora consegue me ver!
Vejo que aqui voltou a ser bem colorido.
Nossa e que barulho de choro é esse?


Sua filha?!
Nossa em tão pouco tempo já sou pai?
Agora consegue entender que aquelas suas dúvidas, seus medos, só atrasaram seu futuro feliz.
Concordo que nem tudo e nem todos terminam em rosas.
Mas também não devemos ser pessimistas não é?

Agora sabe que se tivesse deixado de lado aquela incerteza sobre o que a 'cicrana' sentia de verdade, não teria sofrido tanto.
Bom, o importante é que você parou de se lamentar!

Nossa está chovendo!
Há é?
Agora a chuva te lembra dias felizes?
Dias abraçados com 'cicrana', assistindo TV, e se lembrando que ela é a pessoa que você sempre amou?
Que bom!
Agora a chuva deixou de ser algo que te dá lembranças ruins.


Agora vamos deixar as lembranças para lá, vamos deixar de lembrar, lembrar...
E sonhar!

E o que mais me importa agora é...

O que teremos para o almoço?






Fim.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Lembrar,lembrar... [#3]
















Ora caro amigo!
Não comece com essas lágrimas de novo.
Fica triste por quê?
Esse é o seu passado, não tem como fingir que não é seu.

Está indo para onde agora?
Não comece a beber!
Essa bebida já acabou com sua vida, e você é prova que ela não ajuda em nada.
Pegue esse lenço e limpe essas lágrimas.
Soluços de uma criança ingênua, até entendo seu sofrimento.

Mas amigo uma coisa que você deve aprender, é não chorar por coisas passadas.
Vamos deixar de criancice e voltar a sua história, vamos continuar na sua adolescência.

Você se lembra daquela visão patética não é?
Você sofrendo por não ter chamado a 'cicrana' para dançar.
E essa lembrança fica em você até hoje não é ?

Mas se lembra que continuo na mesma escola, na mesma classe que ela.
Pode ter sido sorte ou não, mas continuaram um do lado do outro.


Como assim 'Como você sabe dessas coisas?'?
Se quiser que eu responda uma pergunta, faça a pergunta certa meu caro amigo.
Nossa, reparou na música que está tocando naquele seu rádio velho.
É eu sei que está meio chiado, mas ouça com atenção que ira se lembrar.

Há sim agora se lembrou, desses versos de sua juventude, essa melodia...
Ainda se lembra da letra da música não é?
Como que é mesmo?
'... eu sei é um doce te amar, o amargo é querer-te pra mim do que eu preciso é lembrar, me ver antes de te ter e de ser teu,
muito bem.'

Isso sabia que você lembrava!
Grande garoto!
Olha só é outra música, lembra dela também?
Claro que lembra, vai me mostre que nem tudo de você se foi.
Eu estou ouvindo muito bem a música, ela é meio que assim:
'Não dá mais pra mim... Pra eu poder viver aqui sem ter a ti,
Não dava pra prever... Que eu não ia mais te ter, não dava pra saber
Que ias me deixar me trocar por... Outro alguém.'


Mas já está chorando seu tolo?
Chorar por uma música tão bonita é uma atitude de quem não sabe apreciar algo bonito.
Espere um pouco, deixe-me sentar ao seu lado.
Vamos correr um pouco no tempo.

Acabando o colegial você estava um pouco mais animado, deve confessar.
Na minha opinião era por achar que não indo mais na escola, não lembraria mais da 'cicrana'.
E você havia conquistado alguns amigos nesses três anos do colegial, tudo bem que eles eram bem bagunceiros, mas lhe proporcionava várias horas de divertimento, não é?
Mas você estava enganado, sabia disso, sabia que mesmo terminando a escola não esqueceria aquilo facilmente, pois foi algo que ti deixou atormentado,
sabia de tudo isso, mas não queria acreditar. Sim!
Você não queria acreditar você tinha medo de sentir aquela tristeza por mais tempo, não queria mais sentir aquela dor.

E chegou o dia da sua formatura, mas dessa vez você havia prometido para si mesmo que não seria tolo como foi antigamente.
Animado por seus pais estarem lá, seus amigos, todos juntos brindando o começo de uma nova época na vida de vocês.
E como um instinto você a procurou no salão, e decepcionado não a encontrou.
Mas disse a si mesmo 'Não importa, hoje vou me divertir e me esquecer daquilo. '
Dançando e se divertindo com seus amigos você passou uma das poucas noites agradáveis naqueles últimos anos.


Você se lembra do fim da festa não é?
Todos exaustos e sorridente, apoiados nos ombros que chamavam de amigos.
Vocês caminhavam para um novo começo...

Mas será que era um começo para você?


Vai interromper a minha história com essas suas perguntas de novo?
Como assim 'até quando vou continuar com isso'?
Já disse que, se quiser que eu responda a alguma pergunta, faça a pergunta certa.
Está se levantando por que?

Pretende fugir para onde?
Você sabe onde estamos. Estamos nesse seu quarto escuro, frio, triste... que fez de seu mundo.
E o que girava seu mundo não são pensamentos ou sonhos, é a tristeza e o ódio de si mesmo.

Volte aqui!
Pretende achar o que nessa sua cozinha suja?
Uma salvação para seus tormentos?
Deixe de ser tolo caro amigo!
Sentasse a mesa e vamos continuar a conversar.

Ok , quer tomar um copo de leite?
Tome, acho que vai te acalmar.
Olha só esse seu velho rádio só está tocando músicas daquela sua banda favorita de quando era jovem.
Daquela banda que lembrava 'ela'.
Como chamava?
Há é!
"Os Irmãos".

Nada melhor do que ter uma trilha sonora para uma história.
Vamos então ver se foi mesmo um começo para você.

Terminando o colegial você tinha planos para seu futuro não é?
Queria fazer faculdade, se tornar alguém famoso, rico!
Queria participar de festas, queria sair para beber com seus amigos.
Começou a trabalhar em uma lanchonete. E com tantos planos em mente, acabou meio que 'esquecendo' dela.

Depois de ter juntado dinheiro, saiu de casa e foi morar em um apartamento simples em um bairro de respeito da sua cidade.
Estava feliz, sentimento do qual a muito tempo não sentia.
Ao se mudar arrumou seu apartamento do jeito que queria seus livros organizados, um local para você tocar seu violino.
Sua cozinha, limpa e cheirosa que parecia que tinha sido sua mãe que havia limpado.

Você estava em um ambiente que te fazia feliz, na verdade a sua casa se tornou o reflexo do seu estado emocional.
Você concorda não é?

Ai chegou aquele dia fatídico, você achou estranho aquele tempo nublado.
Sim você sentiu que aquele dia não seria um dia normal. E bem no meio do dia, enquanto fazia seu serviço na lanchonete você viu duas moças entrarem.
E você não entendia o 'por que' delas terem chamado sua atenção. E você achando que era coisa da sua cabeça você ignorou por um tempo.

Mas você ainda sentia aquela sensação, sensação de ter que saber quem eram aquelas duas. E ao ver que os pedidos delas haviam saído você achou uma oportunidade
de se aproximar delas.
Você se lembra como aquela situação te deixou tão nervoso que quase derrubou os pratos. Ao chegar na mesa, você viu duas moças jovens, que aparentavam a mesma idade que você.
Mas sem perceber olhou para a moça loira, com um sorriso que você sentia que já havia visto, viu os olhos que passou noites imaginando. Era ela. Era a 'cicrana'.
Com o susto você deu um pulo, e com esse movimento ela se lembrou de você. Claro que você não ia reconhece - lá, ela continuava com os mesmos olhos e o mesmo sorriso, mas seu cabelo estava curto.


Sim você se lembra que teve vontade de falar "Nossa seu cabelo está lindo.".
Ela logo disse "Nossa é você, a quanto tempo! E como você está?".


Você ainda não entendia como ela estava ali, porque ela estava na lanchonete onde você trabalhava, porque logo agora que você havia esquecido dela, ela havia reaparecido.
Assustado correu para o fundo da lanchonete, olhou para o céu e se lembrou que tinha achado estranho aquele tempo nublado. E do nada você sentiu algo gelado!
Você se lembra daquela chuva não é?

E se lembra que aquele momento te fez lembrar da sua oitava série, da sua formatura, da sua tristeza, do seu amor...
Olhando para o seu lado você viu que ela havia ti seguido até o lado de fora, dizendo ter ficado preocupada. Você tentando ignora - lá e ela sem entender foi até a sua frente.
Admirou como ela ficava linda até toda molhada com a água da chuva.
Você olhou para ela, e se lembrou que não via tal beleza a um bom tempo. Sim! Seu passado havia voltado, seu amor do passado havia retornado para te lembrar das tristezas.
E você não queria acreditar nisso.

Se lembra como assustou ela ao gritar 'Por que está aqui?!'?
E que assustada começou a chorar. Aquelas lágrimas também te atormentam até hoje. É como se ti machucassem a cada lágrima derrubada.

E com um surto ela gritou!
Você se lembra das palavras dela?

Como não se lembra seu bobo?
Foram tão importantes para você.
deixe-me refrescar a sua memória que nesse quarto escuro se perdeu.

Pois é, ela gritou e em alto e bom som disse ( e com um tom de choro) "Por que me trata assim até hoje? Você me ignora desde a escola. Por que fugiu no dia da nossa formatura?
Aqueles dias ficam em minha memória até hoje, me corroendo por dentro, me questionando a cada dia o que fiz de errado... Eu ti amava!
E te amo até hoje!
Como não consegue entender isso?
Me diga por favor o que fiz para você?
...
Você não nunca me amou?".

Claro que você se lembra dessa palavras, você até hoje tem elas gravadas em sua consciência.
Até hoje...
Continua...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Lembrar, lembrar... [#2]



A felicidade que lhe habitava desde o ínicio do ano, apenas aumentava ao decorrer dos dias.
Ela fora a sua primeira paixão, a primeira vez que você teve certeza que não poderia viver sem a ver, sem falar com ela.
E todos os dias, como se aquele fosse o último que a veria, você se arrumava e cheio de coragem ia ao encontro dela.
Você se lembra das diversas vezes que teve a chance de falar a ela que a amava?

Já era o final do ano e ela olhava afoita para você, como se esperasse algo da sua parte.
Lembra dos diversos avisos dos amigos?
'Vai lá, ela também te ama'.
Ao invés disso você passava horas com seu caderno, rabiscando cartas de amor que jamais seriam lidas.

A sua primeira decepção, sua grande formatura.
Estavam todos elegantes e alegres.
Você, claro, não havia convidado ninguém sabendo que ela não tinha um par.
Queria deixar que o destino fizesse dali um encontro marcado.
E lá ao longe, perto da pista de dança, você a viu.

Um longo vestido rosa com detalhes em brilhantes.
Seu longo cabelo loiro estava amarrado graciosamente em um coque bem apertado.
Quando seus olhares cruzaram, ela sorriu docemente e acenou.
Aquela era a sua chance. Aquela noite finalmente vocês estariam juntos e nada, nem ninguém poderia impedir.

Você se lembra do que aconteceu a seguir?
A caminhada até ela pareceu-lhe a mais comprida das maratonas
e chegar até ela o mais gracioso de todos os prêmios.
Conversaram timidamente. Você a elogio e ela sorriu envergonhada.
Foi ali então que a lenta música começou a tocar e você sentiu-se mais corajoso.
Era o cenário perfeito: uma linda noite chuvosa dentro de salão de festas, dançando com o seu amor.

Seria tudo tão lindo.
Mas não para você.
Quando você esticou sua mão e entralaçou com a dela, ele chegou.
Um rapaz da mesma sala de vocês, o qual você não gostava.
Mas uma coisa você admirou nele aquele dia.
Ele teve a coragem, a coragem de convidar a sua garota e a felicidade de ela ter aceito.
Você perdeu.

Seus olhos lacrimejaram e seus pés perderam o chão.
Era como se você estivesse sozinho, no escuro.
Lembra-se como você correu para a rua e deixou a chuva correr por todo seu corpo?
Esperando com que ela lavasse toda a sua alma e levasse toda a sua tristeza junto com as suas lagrímas?
É claro que você lembra.

E na escuridão da noite, apenas banhado pela imensa lua, lá você ficou.
Sozinho, olhando para o céu.
Deixando com que as lagrímas rolassem.
A chuva cessou. As pessoas que antes passavam na rua, sumiram.
E você continuou ali.

Continuou até que a lua deixasse o céu e o sol viesse clarear o dia.
Um novo dia. Uma vida nova. Uma nova esperança para todos.
Menos para você...
Menos para você.


Continua

sábado, 8 de dezembro de 2007

Lembrar, lembrar...



Lembrar, lembrar...

Olha só quem está acordando.
É bom abrir os olhos pela primeira vez, não é?
Ver tudo que nunca viu... sentir o que você sempre achou que sentiu.

Sim!
Tudo aquilo era uma fantasia.
Não me chame de mentiroso meu caro amigo. Entendo como deve estar confuso.

Depois de tantas brigas, tantas lágrimas.
Vamos lembrar de tudo?

Começaremos por sua infância.
Há claro que você se lembra não é?
Dia e noite seus pais brigando, por coisas tolas que nem crianças criariam tumultuo.
E você querendo acreditar que eles apenas estavam conversando, e assim foi até você aceitar que eles não se davam bem.

Horrível não acha?
Você também se lembra daquele noite, que acordou assustado com um grito.
O medo tomou conta de você.
E veio um silêncio...
Sim, aquele silêncio que ti deixou angustiado, querendo saber se estava tudo bem.

Interessante como aquele dia você não fez nenhum barulho para levantar daquela sua cama velha.
E ao se rastejar para a porta viu sua mãe. Sim lá estava ela, aos prantos, com as mãos no rosto, deitada ao chão... uma visão um tanto que perturbadora para uma criança.
E seu pai em pé ao lado dela, com a cabeça baixa, e uma tal escuridão em sua face que não se via os olhos, apenas algumas lágrimas escorrendo do rosto.

Você assustado, como qualquer criança, correu para sua cama e foi dormir com aquela imagem em sua cabeça.
E ao acordar você queria saber se aquilo foi real, se não era apenas um sonho ruim.
Ao chegar a mesa do café da manhã viu aquela família feliz e animada de toda manhã.
Mas sua mãe não estava muito bem, estava?
Sim ela estava com um leve hematoma no rosto, e seu pai também forçava um sorriso para disfarçar a confusão da noite passada.

Confesse, você sempre lembra daquele cena.
Acalme-se daqui a pouco vai entender porque estou lembrando tudo isso.
Espere um pouco querido amigo, por quê quer ir embora?
Não agüenta pensar em suas tristes lembranças?

Como assim? Como ousa gritar comigo?
Não quer lembrar de tudo isso?
Há me poupe!
Sentasse e não me venha com atitudes infantis nessa momento.

Agora que se acalmou, já percebeu esses copos que estão a sua volta?
Copos que antes não continham bebidas e sim tristezas...lágrimas.

Vamos continuar com seu passado,mas não tão distante. Vamos para a sua adolescência.
Sim, você acabava de ir para a oitava série, toda aquela euforia para a formatura, ir para o colegial.
Você se lembra o que apareceu na sua frente no primeiro dia de aula daquele ano?

Sim, você se lembra. Como poderia se esquecer de algo tão belo e triste?
Lá estava ela, com seus cabelos loiros e um sorriso animado, de um jeito que só ela sabia fazer. Você claro não conseguiu parar de olhar quando ela se sentou na carteira ao lado.
E como poderia esquecer aquele perfume doce e provocante que ela usava?

Você admirava aqueles olhos como se fosse as mais lindas obras de arte que já presenciou.
E com um movimento inesperado ela olhou para você, com um certo ar de curiosidade.
Começaram a conversar, descobriu que o nome dela era 'cicrana', e que tinha que mudado para a cidade nesse ano, que era amiga de 'beltrano'.
Descobriu que ela adora arte, desenhar. E logo percebeu que aquela menina havia te encantado de uma tal maneira desconhecida.

continua...